Idos de 1957. A seleção brasileira de futebol disputava uma vaga para participar da próxima copa do mundo, e quem sabe ganhar pela primeira vez a tão sonhada Taça Jules Rimet. O Rio de Janeiro era a Capital do País, embora soubéssemos que daqui a alguns anos, o presidente Juscelino Kubitschek iria inaugurar Brasília, e com isto perderíamos a condição de sede do poder, deixaríamos de ser o Distrito Federal. Os bondes e os “lotações” eram os meios de transporte mais utilizados em nossa cidade. A televisão (preta e branca) ainda era uma novidade promissora, mas não havia desbancado a primazia do rádio como o principal veículo de comunicação, pois haviam poucos aparelhos de televisão, o que fez surgir uma nova classe de pessoas em nossa sociedade, os “televizinhos”.
Foi nesta época que alguns Congregados Marianos da Igreja de S. José e N. Sra. das Dores, liderados pelo seu presidente, Vinícius Nelson Garcia de Souza, resolveram criar um grupo escoteiro.
O motivo que os levou a executar tal empreitada foi, talvez, o desejo de trabalhar com os jovens do bairro, de uma maneira mais efetiva e prolongada, acompanhando sua formação através dos anos, despertando o interesse pelo próximo, conscientizando-os de seus deveres como cidadãos, e sobretudo, de poderem, eles Congregados, ter a possibilidade de exercer o seu apostolado, levando a todos nossos jovens o conhecimento da existência de Deus, e a prática da religião.
A escolha do escotismo como metodologia ideal para alcançarem seus objetivos, foi baseada nos excelentes resultados verificados na Igreja dos “Capuchinhos” da Rua Haddock Lobo, onde, há alguns anos, havia sido criado o 44º Grupo Escoteiro São Sebastião.
Foram os escotistas do São Sebastião que apoiaram os jovens Congregados a fundar nosso Grupo, e para tanto não mediram esforços, participando de todas as reuniões preparatórias, iniciando a formação dos aspirantes e chefes, e difundindo os objetivos do movimento junto aos pais dos nossos jovens.
Formalmente, em 15/06/57, houve uma reunião dos Congregados Marianos, em que foi decidido que a Congregação seria a nossa Entidade Mantenedora.
O grupo iria funcionar na Igreja de São José, na Rua Barão de Mesquita, 763, no bairro da Tijuca. Nesta oportunidade compareceram os Comissários do 3º e 4º Distritos Escoteiros de nossa Região, além de alguns chefes e escoteiros do Grupo S. Sebastião, tendo o chefe Antônio Maia, do 44º GE, feito o uso da palavra, incentivando a todos a decidirem pela formação de um grupo escoteiro em nossa comunidade.
O primeiro passo para o surgimento do nosso Grupo foi dado pelos dirigentes da Congregação Mariana, que viriam a ser os nossos futuros chefes, ao solicitar à UEB (União dos Escoteiros do Brasil) Região do Distrito Federal, em 22/07/57, a autorização provisória para funcionamento do Grupo Escoteiro, que por devoção a Maria mãe de Deus, recebeu o nome de Nossa Senhora Medianeira (de todas as Graças – mais conhecida como N.Sra. das Graças).
A primeira reunião oficial do nosso Grupo ocorreu em 24/09/57, exatamente dois meses antes da fundação. Foi voltada para a formação da tropa de juniores (escoteiros). Esta reunião foi dirigida pelo chefe Bartoldo Pinho também do 44º GE, que apresentou a finalidade do escotismo, sua organização.
Estiveram também presentes nesta reunião Vinícius Nelson Garcia de Souza, Benildo dos Santos Borges, futuros chefe e subchefe de grupo respectivamente, além de oito aspirantes ao escotismo. Foram ainda traçados os primeiros planos para a fundação do grupo.
Da mesma forma, foi realizada no dia seguinte (25/09/57) a primeira reunião preparatória para formação da tropa de seniores, também sob a direção do chefe Pinho.
Era muito grande o entusiasmo de jovens e dirigentes. Durante o mês de outubro foram realizadas várias reuniões preparatórios. Houve também um conselho de pais para informar sobre detalhes do movimento e prepararem a festa da fundação.
A primeira atividade externa foi realizada em 03/11/57, quando o chefe Pinho (44º GE) levou os nossos futuros chefes Vinícius e Benildo e mais quinze aspirantes ao Pico do Papagaio.
Foram realizados jogos, seguidos de trilhas com sinais de pista e outras atividades escoteiras.
Reta Final. Determinado o dia da fundação, os preparativos se intensificaram. Foram realizadas reuniões para os aspirantes escoteiros, quando foram concluídas as provas de noviço.
As reuniões nesta época, e até a inauguração da sede que congregados e escoteiros iriam concluir anos mais tarde, eram realizadas no interior de um pequeno teatro que existia no local onde hoje se encontra o pátio cimentado ao lado do centro Pastoral.
No dia 15/11/57, uma segunda-feira, feriado nacional, foram realizadas as primeiras promessas no nosso grupo. Vinícius e Benildo, na presença dos nossos aspirantes, do Comissário do 4º Distrito Escoteiro – Mário Imperial Sobrinho, dos membros do 44º GE, do Reitor da Congregação Mariana, Pe. Norberto do Menino Jesus C.P., além dos familiares e convidados, fizeram a promessa escoteira, e foram empossados respectivamente como chefe geral e subchefe do nosso Grupo.
O Chamado “Campo de Promessa” (local utilizado para cerimônias escoteiras) ficava onde hoje se encontram os jardins da Igreja, entre a escada e a ladeira de acesso para carros.
Finalmente havia chegado o grande dia. Após a missa das sete horas da manhã de Domingo, dia 24 de novembro de 1957, foi realizada a cerimônia de fundação. Presentes, o Comissário Distrital, os Chefes Bartoldo Pinho, Antônio Maia, Wilson e todo o 44º GE S. Sebastião que paraninfaram a solenidade. Compareceram também integrantes de vários grupos escoteiros da nossa região.
Após o hasteamento da bandeira nacional, foram realizadas as promessas escoteiras, a seguir foram realizadas demonstrações de técnicas escoteiras e aberta uma exposição sobre o movimento.
À noite houve um show de variedades no salão paroquial, apresentado por nossos escoteiros.
O Lenço do medianeira guarda ainda hoje o símbolo Mariano estampado ao centro, e como cores básicas, aquelas que se acham reproduzidas nas vestes de Nossa Senhora, o azul do seu manto no lado esquerdo (no lado do coração), e o branco de sua túnica no lado direito, muito embora a Congregação Mariana já tenha deixado de existir há muitos anos na nossa comunidade.
Durante vários anos a Igreja de São José foi a casa do Medianeira, porém, em 2001, com a possibilidade de obtermos o comodato de uma sede fronteiriça com a maior floresta urbana do Mundo, o nosso grupo escoteiro, vem vivenciando período de ouro, com o apoio incondicional do nosso maior parceiro: COLEGIO MARISTA SÃO JOSÉ – Tijuca, o qual sempre nos recebe com carinho, respeito e compreende que nossos maiores propósitos é SERVIR a nossa Sociedade e proporcionar aos Jovens uma EDUCAÇÃO e Civismo de qualidade e AMOR.
Nesses 2022 anos da era de Cristo, contamos 65 (sessenta e cinco) anos de serviços e dedicação e esperamos estarmos laborando na aplicação do Método Escoteiro, aplicando o princípio escoteiro e alcançando o propósito do Movimento Escoteiro que é “O propósito do Movimento Escoteiro é contribuir para que os jovens assumam seu próprio desenvolvimento, especialmente do caráter, ajudando-os a realizar suas plenas potencialidades físicas, intelectuais, sociais, afetivas e espirituais, como cidadãos responsáveis, participantes e úteis em suas comunidades, conforme definido pelo seu Projeto Educativo”.